Com a navalha, o poeta Paulo Brás. Ficamos com 3 poemas dele:

Ansiedade em Sibilo
Se isso fosse fácil
como se diz
se isso fosse fácil
como eu sabia
se isso fosse raso
e só superfície
eu simplesmente
teria aproveitado
e me salvaria.
Se isso fosse fóssil
de uma sandice
se isso fosse fósforo
eu acendia
se isso fosse face
de uma sabedoria
eu seria um pé no saco
por tanta espertice.
Se isso fosse fácil
como seria
da mesma forma que
o sabiá assobiar sabia,
se isso fosse somente
uma esperança paciente
a esperar na esquina
eu teria uma solução
e já estava de saída.

Distorcido reflexo
O espelho se viu no espelho
inúmeros reflexos de si
duvidoso se era o mesmo
ou apenas outro espelho
perdido numa sala de espelhos.
encarou a sua ausência
em qualquer definição
posto que o espelho
era objeto de reflexos
e não objeto de reflexão
um espelho é um espelho
é um espelho é um espelho…
Pode ser o que está diante de si
ou pode ser aquele reflexo minúsculo
quase imperceptível
de infinitos espelhos que se veem
onde pode-se encontrar
um traço de narciso.

Metáforas sobre saudade
Minha saudade
não se resume
ao limite da presença
ao calor do corpo
ao tato da retina.
Minha saudade
é uma constante garrafa vazia
que custa bastante
para transbordar.
É uma vontade do querer
que não se contenta inteiramente
é uma verdade
que não contraria o porquê.
É sentir sem entender
é uma recordança do esquecimento
um flagrante de pensamentos de outrora
uma invenção de futuro na verossimilhança.
Saudade é uma criança na constância de crescer
incontente com a presença física
não sustenta o peso da palavra.
Saudade existe até quando não é preciso
torna-se um intruso resquício da falta.

Paulo Brás, natural de Itaitinga (CE),é cantor, compositor, poeta, autor e estudante de Letras Português na Universidade Estadual do Ceará. Autor de Filhos da Vida e Outros Poemas (2021), pela editora Premius. Teve poemas publicados em revistas e blogs nacionais e poemas traduzidos em espanhol e publicados em revistas do Chile e Peru.