As navalhadas do dia Izis Dellatre. O que sabemos dela é que seu campo de pesquisa e atuação é a Filosofia, além de ser uma baita poeta e tradutora. Segue 5 poemas.

Nocturni
(publicado como destaque Prêmio Off Flip 2024.)
toda noite soante açoite
sol de si faz ré e clarão
lá mais dó sem mundo
quebrantado o quinteto em parto cima e baixo
noite toda a sonante foice
em lamaçal perfila-se adensado
toda noite noite toda
orgânica escavação
perene procura por um levezinho linchamento
de bisturi pequenino
ferindo dentre fedas barrocas rugosas
e decantando rubros breves hemastíquios
de fumos escarrados vinco escarificar
esfregue bem seus enfins
com indelével língua lhe peça o metro
onde habitam seus grossos e muitos retornos
d’almejado quinas desviantes tutano
uma vez brocado o osso impreciso
brocado nem que seja um bocadinho
noite toda toada noite
dilatam suas curvas pelo avesso
brilhante
mole
impossível
seguem-se por ali afim e sem fins
variegados cárneos fiapos
de milímetro faqueados
que
seis a seis
enclausuram a tez
obturados adentro os instrumentos
ronda noite noite ecoa
recomeça-se outra vez.

vou te fazer uma canção safada
(publicado como destaque na coleção “Nós”, selo Off Flip, 2024.)
à Vanessa
por ruidosos seus resvalada adentro
dentre mim em rés cabimento fendo
em suor solúvel fissura acendo
meu em avesso
pende seio em mênstruo oscila peso
em camisa sólido informe preso
delibere indague alivies em
mim agravado
no que o teu me furta de tua falta
a que os ossos cinco sutura lâmina
de teu bico em rasgo desate face
minha frutoses
limiares dérmicos beira incorrem
cá de seu em si entre dedo escorrem
em severo metro de dura mão
minha sonoros
vez aqui no fora de signos fossem
mais outrora em peito onerado meu
sob o peso fino de rosto seu
duração suprimir.

Desejo
(publicado na Revista Figueira – Ano 1 – Ed. 1 – Julho/2024. ISBN: 978-65-01-10421-8)
a tônica é uma tônica é uma tônica

cúbrico
espaço há no espaço;
espaço no aespaço;
paço esse passo passado;
passo que passo a passo
anui expasso compasso o passar do
passado;

casca
(publicado na Revista Figueira – Ano 1 – Ed. 1 – Julho/2024. ISBN: 978-65-01-10421-8)
coado respingado de vez carcomido
como caqui que amarra a garganta das gentes
respingo amargurado decanta alambique
e fecha os dentes dos homens
caladura calandra em sangue coagula
craquelada epiderme sob coalhadura
figos reais veludo pingues embalsamam
tanto bate até que pluma.
Sobre a autora:

Izis Dellatre faz tradução, também filosofia.