ANA LUZ – 7 poemas
ANA LUZ – 7 poemas

ANA LUZ – 7 poemas

A navalhista do dia é Ana Luz. Os primeiros 5 poemas são do livro Quadras (Editora Folheando, 2023), os dois últimos são inéditos.

 

 

 

 

No mato

 

Todo o resto dispenso.

Só autorizo a falar, 

por mim,

este infindo silêncio.

 

 

 

 

Eterno

 

O instante não existe,

por definição.

O agora é crisálida,

larva infinita.

 

 

 

 

Lampejo

 

No enorme riacho

da criatividade,

às vezes pesco

uma parruda fagulha. 

 

 

 

 

Quilômetro

 

A lonjura da fala para a escrita,

metro que lê o que não grita.

Mas não basta ouvir silêncios.

É preciso alfabetizar as distâncias.

 

 

 

 

Ágrafa

 

Embora me apresente grafada,

sou composta de silêncios. 

Está anterior à fala

o que digo no momento.  

 

 

 

 

Reverência

 

Essa crosta pecadora

Que ora vos fala,

Despida de toda crista

Acéfala e canalha,

Se prostra perante

O fulgor das cinco chagas.

 

 

 

 

Janela

 

Dono do sol,

dos mares e da Justiça, 

Afaste meus pés da areia

Movediça.

Criador da luz e da lua,

Defenda minha vida 

Contra toda intenção funesta,

Me permita ser uma simples fresta

Neste mundo deveras hermético.


Ana Luz

Ana Luz (Vitória da Conquista, 1989) estreou com “Poeta em Pânico”, em 2020. Ainda na poesia, em seguida vieram “Fragmentos” (2021) e “Quadras” (2023), vencedor de concurso com chamada nacional.

Fundadora do Coletivo de Escritores Conquistenses, diretora da Casa da Cultura de Vitória da Conquista, faz questão de ler e divulgar seus pares nas redes sociais.

Pós-graduada em psicanálise, chegou a exercer Direito, mas fincou raízes no campo.

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