por Soraya Viana,
professora, tradutora e navalhista assistente
Seguindo a tradição de autores como Florbela Espanca e Fiódor Dostoiévski, Ítalo Rafael de Lima Dourado desvela angústias humanas em Frio, sombras e dúvidas.
O terceiro livro do poeta sobralense organiza-se nas três partes indicadas pelo título:
Frio mostra o desabafo de um jovem eu-lírico empenhado na elaboração da perda de sua mãe.
Hoje, depois de todos esses anos, consigo meditar e falar sobre ela sem chorar… (…) Não sou mais aquele furacão de revolta.
(Em Sua Imagem ‒ Crônica cinza)
O segundo fragmento, Sombras, trata de desencontros e desilusões amorosas.
Eu sei onde estávamos
e do grande bem que
desapareceu. Era o
teu corpo, mas
virou minha
parte.
(Em Eu sei onde estávamos)

A terceira e última seção, Dúvidas, expande o enfoque para questões existenciais, como a sensação de deslocamento e as ambiguidades inerentes à vida.
Do que não se cabia,
nascemos.
O ser é então rejeitado
pelo exterior.
(Em O que somos?)
No início, Dourado nos alerta de que a obra que estamos prestes a ler é o “jovem erro de um jovem p’ra nunca ser lido”. No entanto, num mundo sem tempo para nada, a voz sensível do poeta exerce a rebeldia corajosa de não calar as próprias fragilidades. Aqui, como o próprio autor define, ele chora em forma de escrita e fala de culpa, saudade, desencantamento e inquietudes para benefício catártico de almas (e mentes) afins.
Colaborador em antologias e nas revistas Barbante e Ecos da Palavra, Ítalo Dourado também é autor de “Úmido ou Episódios dramáticos de utilidade” e “Outras horas úmidas”.

Oriundo da cidade de Sobral no estado do Ceará, Ítalo Dourado é um autor que se destaca no campo da poesia. Suas obras incluem “Úmido ou Episódios Dramáticos de Utilidade “, publicado pela Editora MWG em 2020 e “Outras Horas Úmidas “, lançado pela EditoraTomaaíumpoema em 2022 e, a mais recente “Frio, Sombras e Dúvidas” publicada pela Editora Libertinagem em 2024.