por Jojo Dieira,
escritora e colunista da Revista Navalhista
Na obra Perpetuando a ilha de Jeju com Tangerinas de Enzo Fuji, os sentimentos florescem como um fruto maduro pronto para ser colhido, um verdadeiro jardim de emoções. Uma história tocante que nos provoca a reflexão de temas sensíveis como luto, suicídio, família e escolhas. Apresentada sob a narração em terceira pessoa, incitando a descoberta desse ser que se apresenta em faceta.
A narrativa melancólica nos questiona sobre o que seria o grande devir. Em uma sociedade em que está desbravando as próprias adversidades, encontra-se: Hae-In, um menino “desanimado à espera do mundo”.
O personagem principal Hae-In precisa aprender a continuar a viver e a se refazer diante das ondas da vida. Posto que há acontecimentos como o suicídio, a fome e a perda de um familiar que impactam as ações de vários ao redor, carregando consigo a provocação: O que cada pessoa traz dentro de si?
A escrita intimista nos permite cultivar laços com as palavras em um espaço de intimidade ao conhecer a formação familiar do personagem, no enfoque da reconfiguração de um novo ser após a perda. Essa progressão textual nos apresenta discussões sobre a imagem e a persistência de padrões estéticos sociais e a busca do autoconhecimento frente ao outro: “se não entendesse que seu padrão era outro, não poderia sequer prosseguir”.
Ao entender que a passagem do tempo, o protagonista reverbera o poder da transformação porque “tudo leva tempo para tornar-se”. Reviravoltas podem acontecer…

Perpetuando a Ilha de Jeju com tangerinas de Enzo Fuji nos possibilita a imersão na cultura e sociedade coreana, onde podemos compreender mais sobre o nascimento, a maternidade, a educação e as futuras gerações, como tudo se correlaciona e se entrelaça. Essa viagem literária intercultural permite a percepção de valores sociais estimados presentes nos diferentes tipos de tratamentos entre gerações. Sendo uma boa leitura para os que amam a cultura coreana e gostariam de conhecê-la ainda mais.
Um livro sobre a solidão e as solidões que nos constroem nos faz perceber um novo olhar sobre as novas construções sociais formadas nos múltiplos núcleos familiares, entendendo que cada ação pode ser um fator de mudança. Perpetuando a Ilha de Jeju com tangerinas de Enzo Fuji pondera sobre as ligações do permanecer quando se deseja continuar, provando que o ser humano é capaz de construir a própria história ao longo das linhas do tempo. Imperdível para a sociedade atual.

Enzo Fuji é um escritor paulista que já se destacou na cena literária com seus livros de poesia e contos. “Perpetuando a Ilha de Jeju com Tangerinas” marca sua incursão no universo do romance, consolidando sua voz como um autor promissor e talentoso.