LANNA ACOSTA – Psicografia ordinária [crônica]
LANNA ACOSTA – Psicografia ordinária [crônica]

LANNA ACOSTA – Psicografia ordinária [crônica]

Nunca saio ilesa dos encontros. Desde então, sinto-me afeiçoada ao fim do dia, de luz crepuscular. Atenua-me o humor estar comigo mesma, repleta de mim, em meio a minha natureza variante. Extenua-me qualquer esforço que extrapole minhas bordas; sou, senão outra, algo de mim como nunca antes fui. Me alivia saber que similares a este momento, já houve outros. O tempo presente perdura mais do que eu gostaria. Tenho suspeitas de que este modo refratário possa me acompanhar como numa nova pele, ou casca; é adorável e indigesto. Meus olhos reclamam excessos. Cada frase coesa pede outras tantas fora de curva. Reivindico uma soneca em algum momento do dia. Reparo meu cansaço retroativo, e me percebo oblíqua em meu cotidiano; suspensa na perpendicular entre meus sonhos, o acaso e o destino. Continuo escrevendo como quem apara arestas, mas já não me lembro mais como era ser algo diferente do que sou hoje. Confio mas não deixo de questionar. Sinto-me em espera pelo fim. Me indago, fim de quê. 


Lanna Acosta

Lanna Acosta é do Rio de Janeiro mas reside em João Pessoa (PB). É descendente indígena Potiguara, psicóloga, mestranda em Saúde Coletiva, pós graduanda em Escrita Criativa, pesquisadora de epistemologias contracoloniais, e escritora desde pirraia.

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