LETÍCIA PRADO – A hora da estrela [crônica]
LETÍCIA PRADO – A hora da estrela [crônica]

LETÍCIA PRADO – A hora da estrela [crônica]

Clarice disse que, a hora da estrela é quando morremos, pois na hora da morte a pessoa se torna brilhante estrela de cinema, é o instante de glória de cada um e é quando como no canto coral se ouvem agudos sibilantes. odeio concordar, mas é verdade. por que não nos importamos com os vivos enquanto eles estão vivos? por que esperamos a morte para jogar flores e fazer homenagens? me pergunto todos os dias da minha existência porque o ser humano age como age e não me conformo com a imutabilidade das coisas. com a minha falta de controle. talvez eu seja assim mesmo, anti conformista, um pentelho ou um pé no saco, sempre perguntando porquê e como, e não aceitando a resposta que vem em seguida. será que é por isso que os suicidas são suicidas? eu deveria saber. se sentir tão insignificante a ponto de tentar contra a própria vida, para parar de sofrer e quem sabe, ser amado. me parece que para o ser humano, paradoxalmente, ser amado é importante mas amar o outro nem tanto assim. como atravessar essa via de mão dupla olhando para um lado só? se é atropelado, atrapalhado, desembestado pela vida, sem saber o que fazer ou para onde ir. todos vivemos assim, eu acho, de certa forma, mas aceitar isso é tão triste. aceitar a vida como ela é, é tão triste. será que a paixão pelo viver reside em não se conformar? em lutar até o fim? mas é tão cansativo, e eu sou tão nova, mas às vezes sinto que vivi diversas vidas em uma só, um bate-bate constante, um gira-gira que nunca cessa. são os déjà vus do meu dia a dia tentando me sufocar, me afogando no monótono e me deixando devagar. agora eu desando a divagar, mas será que alguém tem alguma resposta para me dar?


LETÍCIA PRADO

Meu nome é Leticia, eu nasci no interior de SP, em Guaratinguetá. Meus pais me ensinaram a ler e escrever com cerca de três anos, antes de entrar para a escolinha, e desde aí tive minhas obsessões com contos de fadas, histórias fantásticas, distopias e logo mais na adolescência. a poesia. Me formei em Letras, licenciatura em português e francês, e em 2021 publiquei um livro de poesia chamado ‘loucuras’, que reúne algumas angústias dessa época. Como autora independente, hoje alimento minhas redes sociais com esse tipo de conteúdo, além de ter publicado dois ebooks também de poesia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *