BRUNNO VIANNA – 7 poemas
BRUNNO VIANNA – 7 poemas

BRUNNO VIANNA – 7 poemas

As navalhadas do dia ficam por conta de Brunno Viana. Segue 7 poemas do poeta e historiador, autor de livros como Paisagem.

Revista O Navalhista

Inércia das Coisas

O objetivo é pousar

Na imagem o tempo ideal

Mas a certeza é frágil demais

E a dúvida não cabe

Na inércia das coisas.

Revista O Navalhista

Máscaras

Máscaras de ácaros

Mastigando acasos

Com bocas acesas

Sobre duas mesas

Sobram de ilesas

Ruas duas asas

Flutuando luas

Nessas casas

Revista O Navalhista

Tráfego

Prosa primata que venta

Vira-lata que janta

Com pressa e tanto

Tinta fresca na janela

Presa e bela pelo tom mostarda

Sinfonia composta pelo vento

Sintonia imposta pelo lamento

Trafegam, enfim, na toada

Vozes que sussurram o medo

Algozes que descontam o segredo

Falam do sol e de si

E de mais nada.

Revista O Navalhista

Corre

Corre a paisagem pela vista que contempla

Corre o sol que se põe

Corre o vento que venta

Corre o meu eu que compõe

E o teu que inventa

Corre a cor do céu que transforma

Corre o coração de quem se apaixona

Corre a sorte que não espera

Corre a paisagem que vê a janela.

Revista O Navalhista

Fome de Mim

Tenho fome de mim

Da minha ausência no poema Retrato

Da minha presença

Em um Quintana declamado

Devoro minha literatura errante

Cada livro da estante

Tenho fome de mim

Mastigo cada vírgula doce

Instigo cada poema que você trouxe

Para ler no sarau             

Meu desassossego, leitor, é pessoal

De Pessoa para pessoa

Minha fome de Hamlet não é à toa

É fome de ser, fome do ser

Doce fome de mim.

Revista O Navalhista

Quase

Sou quase entrada
Quase saída
Quase gente
Quase porta
Não importa
Quase saudade
Pretérito quase perfeito
Um verso quase desfeito
Quase fui reticências
Mas parei num ponto
Parei num conto
Quase fui
Quase continuo sendo
Sou quase verbo
Quase saída

Quase entrada

Quase nada.

Revista O Navalhista

Vestígios de poemas

Dei de andar

Pelo quarto

Entre vestígios de poemas

Dei de andar

Vestido de antigos poemas

Que tenho tido

Dei de andar

Pelo quarto andar

Em vestígios de poemas.

Sobre o autor:

Brunno Vianna

Brunno Vianna é historiador, nasceu e vive no Rio de Janeiro. Venceu o Concurso Machado de Assis (2008), o I CoNcUrSo de PoEsIA InsTanTâNea do Sarau do Bar (2016), o VIII Concurso Internacional La Vida es Poesía (2016), conquistou o Prêmio PoloCultural de Multiartes na categoria Poesia (2022) e o sexto lugar no desafio de crônicas da Revista Artes do Multiverso (2024). Participou do projeto Literatura de Circunstâncias, da Universidade Federal de Roraima e publicou livros como Poesia, Cartas para a cidade, Caminhos de Papel e Paisagens.

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