![Alexandra Antunes ALEXANDRA ANTUNES – Naquele dia [conto]](https://revistaonavalhista.com/wp-content/uploads/2025/03/IMG-20160924-WA0006-421x300.jpg)
Você acorda entusiasmado, um dia tão aguardado. Olha pela janela e vê que até o sol brilha mais bonito, porque aquele é um dia especial. Salta da cama com energia porque sabe que naquele dia não pode perder tempo, são muitos preparativos. É preciso confirmar o serviço de buffet logo cedo para evitar atrasos. Primeiro, o banho matinal para despertar, se olha no espelho e percebe que até a sua pele está mais bonita naquele dia. Se dirigi para a cozinha preparar aquele café da manhã especial, já começando a comemorar seu próprio dia. Panquecas, uma boa maneira de começar o dia, acompanhadas por um suco de frutas fresquinho, isso vai te alimentar por um bom período da manhã, depois não se sabe quando vai conseguir ter um tempinho para parar e se alimentar.
Após a refeição singela, pega sua agenda e checa os serviços a confirmar. Ainda precisa buscar o restante da decoração. A buzina te chama, já começaram as entregas. As bebidas podem descarregar aqui. Assim que os ajudantes chegarem, você pode acondicioná-las no freezer. Onde estão as meninas? Você pensa: já estão atrasadas, melhor enviar uma mensagem.
Enquanto elas não chegam, você precisa começar a montagem da mesa. Desencaixotar a decoração, ainda precisa buscar o restante. Talvez as meninas possam passar na loja a caminho daqui. Você envia outra mensagem.
Sobe as escadas correndo e desça algumas caixas, você precisa começar a encher os balões. Ouve uma buzina frenética e algazarra, são elas avistadas pela janela. Corre, abre a porta e elas invadem o ambiente com alegria, já com um grande presente nas mãos. Abraços amistosos, que bom, não se sente mais tão sozinha na preparação, tudo vai correr bem, torce. Já começa a ficar nervosa. Expectativa de uma noite festiva e cheia de emoção. É um dia especial, afinal, não poderia passar em branco, não é todo dia que se completam anos, junto ao encerramento de um grande ciclo e o prelúdio de grandes mudanças em sua vida.
O dia transcorre corrido, cada uma incumbida de uma função, mas onde estão os doces que não chegam? Você precisa cobrar a confeitaria. Bebidas a gelar. Os petiscos ainda não chegaram também, mas para eles ainda é cedo. “O bolo”, pensa, em seguida, “preciso terminar de encher os balões” . Pendurarei isso aqui, um pouco mais para cima, isso! Onde estão as flores da entrada? Já deveriam ter chegado. Alguém pode ligar na floricultura, por favor?
Alguém te lembra que deve começar a se preparar, embora já tenha feito as unhas de antemão. Cabelo e maquiagem vão demorar um pouco. Lá fora, o cenário parece adiantado, o DJ já está montando a aparelhagem e a pequena pista de dança. Você ouve as primeiras batidas. Frio na barriga, corre para o banheiro, é hora de arrumar-se, logo começarão a chegar os convidados. O telefone toca… mais uma vez… o tempo não para.
Atendo ao chamado. O tempo para, mesmo que por alguns segundos, que mais parecem uma eternidade. A voz do outro lado pergunta se você ainda está aí. Perguntam se você entendeu o que foi explicado. Afirmam que ele estava em alta velocidade, fizeram de tudo, mas não resistiu.
Alexandra Antunes é natural de Sorocaba, enfermeira por profissão, mãe de três filhos. Começou a se dedicar à escrita após a Pandemia, como uma válvula de escape para todos os acontecimentos vividos. Autora de “Aquarela do caos”, romance lançado em 2024 pela Editora Viseu, e participante da Antologia “Que seja infinito quanto dure”, uma homenagem a Vinícius de Moraes, lançada pela Editora Antologias Brasil também em 2024. Publicou contos e poesias em algumas revistas literárias. Atualmente, finalizando o projeto do seu segundo livro.
