1. Imagine que acabaram de lançar uma biografia sobre você. Qual é o título? Apresente a sinopse.
Acredito que o melhor título seria “A Persistência da Capacidade”: a história de uma pessoa comum que busca ter seus desejos e ambições supridos para equivaler a sua existência, por meio do verbo, dos sentimentos e da crença de que tudo que almeja pode ser alcançado.
2. Indique dois/duas navalhistas que não podemos esquecer. São duas pessoas que escrevem: uma que já se foi e sua obra não teve a devida atenção que merece, a segunda uma pessoa que escreve em nossos dias e devemos ficar de olho.
Dentre os que já estão no além-vida, quero citar o poeta Henrique do Valle, que morreu jovem e acabou caindo no ostracismo. Foi um poeta muito sensível e catártico. Conheci-o através de Caio Fernando Abreu, que o cita em um de seus livros. Quanto aos vivos, cito Pedro Juan Gutiérrez, muito visceral e humano, que sempre falou da realidade social de Cuba, com uma linguagem direta e ácida. Recomendo a leitura de ambos.
3. O que podemos esperar de sua literatura?
Gosto de falar sobre o efêmero. Isso sempre me fascina. Mas não porque as coisas estão fadadas a mudar e acabar, e sim pelo fato de que tudo na vida tem que ter o seu devido valor: as paixões, as amizades, o ciclo vital, a família… Essas coisas me são peculiares e me causam um certo espanto para escrever meus poemas.
4. Se a partir de hoje a vida te tirasse a possibilidade de fazer literatura, quem você seria?
Eu seria algo que sempre tive receio de ser. Seria apenas um ser vivo que não questiona o mundo ao seu redor, longe da morada das palavras, perdido na falta de interpretar meus “espantos”.
5. Se você tivesse ciência de que estava escrevendo seu último texto, que mensagem você gostaria de deixar?
Diria que estaria insatisfeito por não ter feito mais, porém partiria conformado por entender que o tempo é implacável. A vida parte da injustiça de que não se escolhe se quer nascer. Então, o que resta é aceitar o fim e entender que amar e admitir o que fez em vida lhe dá a leveza necessária para se sentir grato e perdoado pelos seus feitos.

Paulo Brás: Sou poeta, compositor e autor de Itaitinga, Ceará, e estudante de Letras Português na Universidade Estadual do Ceará. Lancei meu primeiro livro em 2021, intitulado Filhos da Vida e Outros Poemas, além de ter poemas e contos publicados em revistas nacionais e internacionais.