5 Navalhadas – CHRISTI ROCHETÔ
5 Navalhadas – CHRISTI ROCHETÔ

5 Navalhadas – CHRISTI ROCHETÔ

1. Imagine que acabaram de lançar uma biografia sobre você. Qual é o título? Apresente a sinopse. 

Ele se chamaria “Rochetô em poucas linhas”. Seria uma referência ao meu modo lacônico de escrever e o formato abarcaria bem a totalidade do que o biógrafo teria a dizer. Mas espero que esse pouco seja capaz de ter uma grande dimensão, assim como o haikai.

2. Indique dois/duas navalhistas que não podemos esquecer. São duas pessoas que escrevem: uma que já se foi e sua obra não teve a devida atenção que merece, a segunda uma pessoa que escreve em nossos dias e devemos ficar de olho.

Só dois é osso! Mas vamos lá. Tendo a puxar sempre as sardinhas para as brasas dos meus, mas sou muito sincero em dizer que, em se falando de literatura verdadeira, aqui na esquina da América Latina se produz coisa muito boa. Aliedson Lima mesmo é um grande exemplo. Outro que não passo sem ler e que já esteve por aqui é William Eloi. Entre outros nomes. O que falta para eles? tempo. Apenas.

3. O que podemos esperar de sua literatura?

Nada! Não há nada de transformador no que escrevo senão um pouco de ternura. A despretensão é um caminho que escolhi porque me dá liberdade de assinar o que vier. No entanto, não me considero raso de jeito nenhum, mas não sou também nenhum mar bravio como os de Hemingway ou Victor Hugo. Minha escrita é um lago limpo, que se pode ver o fundo. Queria ser o velho tanque de Bashô. Apenas isso.

4. Se a partir de hoje a vida te tirasse a possibilidade de fazer literatura, quem você seria?

Já disse isso. Seria artista plástico. Escrever é como pintar, para mim. Tanto é que há anos não pinto. Tudo que faço é a partir do meu olhar e sempre de fora para dentro. A inspiração da pintura é exatamente a mesma que me faz escrever: algo que eu vejo e que cruza com algo dentro de mim e que eu expresso por meio de cores, traços, linhas, pontos. “Algaroba inflamada de tarde, sou esta sombra nenhuma que se mistura em tua sombra…”, isto é um quadro!

5. Se você tivesse ciência de que estava escrevendo seu último texto, que mensagem você gostaria de deixar? 

O mesmo que eu digo ao meu filho e à minha filha: aproveitem o tempo de cada coisa sem pressa. Nosso tempo aqui e os momentos que a gente guarda são as coisas mais caras que a gente tem. O que seria de um bom escritor, por exemplo, sem a carga de tudo que ele viveu?


Christi Rocheto

Nascido em Jardim do Seridó, Rio grande do Norte, Christ Rochetô é escritor, artista plástico e trabalha com produções audiovisuais. Escreveu Sombra Fria (Contos – Editora Patuá – 2020), Suspiro Desvelado (Poemas – Caravana G.E. – 2022), A Máquina dos Pássaros (Zine – Seloko Edições – 2022) e Rivustrada (Poemas – Juriti Edições – 2023).

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